sábado, 29 de novembro de 2008

DE POETAS E FANTASMAS (1)


Fonte Marília de Dirceu

Pediram-me para escrever sobre Ouro Preto, cidade declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, pequena jóia barroca encravada no Itacolomi, berço de grandes heróis e artistas, orgulho e raíz mais profunda das Minas e dos aqui nasceram.
.
Não tenho esta competência. Não porque não a conheça. Apesar de não visitá-la por mais de um quarto de século, conheço-a bem; suas ladeiras, seu frio cortante, seus indescritivelmente belos casario e igrejas. Quando criança e jovem, fui muitas vezes à antiga Villa Rica. Das festas de aniversários de familiares (que costumavam durar uma semana), das festas religiosas anuais, dos festivais de inverno; recordo-me bem.

Naquele tempo, ao longo da década de 70, a cidade vivia sua mais profunda decadência; o que só não ocorreu de maneira definitiva, porque a sociedade mineira exigiu e conseguiu restaurá-la e preservá-la, não sem muita luta. Hoje é uma cidade turística, na melhor acepção da palavra, com a oferta de equipamentos e atrações (inclusive de turismo cultural) que não ficam nada a dever à cidades similares no resto do mundo (informações aqui, aqui e aqui).

Mas não sou capaz de, em um ou vários posts, descrever toda a sua importância histórica e cultural. Ouro Preto não é propriamente uma cidade, mas um portal aberto para o passado, que também não é um passado qualquer: a política, a engenharia, a arquitetura, a música, a literatura e as artes plásticas mineiras e brasileiras; todas elas, beberam - e muito - naquelas fontes.

Além deste, pretendo escrever mais um ou dois posts, restringindo-me, porém, a dois aspectos que considero relevantes do ponto de vista pessoal: seus poetas e suas lendas. Não são poucos, em ambas as vertentes. Muitos foram os poetas que nasceram, viveram ou simplesmente escreveram sobre a cidade. E a coleção de fantasmas, lendas e mitos é outro capítulo à parte. Sua fama fantasmagórica, ampliada pelos cenários que ali se descortinam, vem desde, pelo menos, a Conjuração Mineira: ainda hoje há quem sustente que o fantasma de Cláudio Manuel da Costa percorre os salões da Casa dos Contos, antiga cadeia tranformada, atualmente, em museu.

Casa de Cláudio Manoel da Costa, onde se reuniam os poetas inconfidentes

Segue, abaixo, o poema que Olavo Bilac (o chamado "Príncipe dos Poetas Brasileiros"; um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras; autor , entre outros, de "Profissão de Fé" e "Via-Láctea" e que escondeu-se em Ouro Preto durante perseguição política que sofrera no início da República) , dedicou à cidade:


VILA RICA

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;/Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição/Na torturada entranha abriu da terra nobre/E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre./O último ouro do sol morre na cerração./E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,/O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece/Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu.../A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move.../Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu.../Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Tomás Antônio Gonzaga


Já o causo de fantasma, vem das minhas memórias de infância em Ouro Preto. A casa que frequentava, como tantas outras na cidade, era um sobrado de dois andares. Dois para cima, diga-se. Porque abaixo do nível da rua (uma daquelas enormes pirambeiras em curva), havia outros 3 níveis, no passado destinados, provavelmente, a escravos ou depósitos. E o mais interessante eram as paredes internas da casa: duplas, formando um labirinto extraordinário para as brincadeiras infantis ou para assustar os mais incautos. Era possível, por exemplo, "entrar" por uma parede de uma das salas no térreo e sair num dos quartos do segundo andar.

Não sei se com o intuito de evitar que as crianças abusassem desse artifício, mas lembro-me que os adultos nos contavam uma estória de uma antiga moradora da casa. Consta que seria muito bonita e tivera um desencanto amoroso ainda bem jovem. Consternada, passava as tardes debruçada sobre o peitoril da janela do seu quarto, na companhia apenas de uma flor, que ora não me recordo a espécie. Vindo a falecer pouco tempo depois da desilusão, contavam-nos que era comum, ao se abrir a janela do tal quarto, exalar-se um forte perfume da flor preferida da donzela...
.
.
ATUALIZAÇÃO (30/11/08 às 1:10 hs.)
.
Beth, a moça da Barca, da Vela e do Mar, a quem dediquei esse postinho, retribuiu com um texto delicioso e mais um dos seus belos desenhos. Vejam aqui.
.
.
ATUALIZAÇÃO (30/11/08 às 16:30 hs.)
.
E por falar em rosa na janela, tinha resolvido terminar o postinho com a linda "Modinha", de Sérgio Bittencourt (filho do grande Jacó do Bandolim), na bela voz de Taiguara. Mas só achei um clipe muito mequetrefe no (chat)YouTube...
.
Assim, decidi estrear meus talentos de videomaker. Ficou bem ruinzinho também, mas acabei encontrando umas belas imagens de Ouro Preto... [todas as imagens foram devidamente surrupiadas da web. Se alguém se sentir prejudicado é só me avisar que retiro a correspondente. Ou então me processe... rsss].

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

PARA CORA

Mais um classic hit dos 70, "My Little Town" é uma das mais lindas composições de Paul Simon, na modesta opinião desse blogueiro, que gosta mais de música que de literatura...

Nesta versão, extraordinária, sem a segunda voz imbatível de Art Garfunkel [a versão original pode ser ouvida aqui]. E, de quebra, tradução simultânea, by Chorik.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

E COÇAR É SÓ COMEÇAR?

O tema já tinha pintado por aqui, por vias lusitanas, e também no RM NO VERBO, por conta de mais um absurdo caso de sequestro por razões passionais. Dessa vez motivou-me texto publicado ontem no jornal O TEMPO, de Belo Horizonte, pela médica Fátima Oliveira.

Abaixo reproduzo excertos do artigo (o texto completo pode ser lido aqui):


A infidelidade feminina prenuncia uma nova moral?

A infidelidade masculina tem sido a regra e é moralmente aceitável desde a instituição da monogamia feminina. A infidelidade feminina tem sido condenada e vista como moralmente inaceitável. Homens traem desde sempre e mulheres também, só que num percentual menor e mais em surdina.

A intensificação de pesquisas sobre infidelidade feminina ocorreu paralelamente à identificação da paternidade via teste de DNA, a segunda grande derrota histórica das mulheres (a primeira foi a reversão do direito materno), pois lhes retira o poder absoluto de determinar quem é filho de quem.

"Mulheres infiéis: Pesquisas mostram por que elas estão traindo mais e como identificar sinais de infidelidade" é a chamada de capa da "IstoÉ" nº 2.037 (19.11), que no sumário destaca: "capa - Traição feminina: mulheres assumem que estão traindo mais. E o ambiente de trabalho é o mais propício para escapadas". Na página 68, sob a denominação de comportamento, o título é: "Elas estão traindo mais", matéria de Rodrigo Cardoso e Carina Rabelo, com dados de cinco pesquisas que demonstram que as mulheres estão traindo mais ou confessando mais que traem.

Há muito mais nos dados da suposta crescente infidelidade feminina: o contrato social de fidelidade entre os cônjuges é fácil de ser quebrado porque caduca quando um deles se interessa por outra pessoa. É uma lei da natureza humana que precisa ser lida com franqueza e não sob os olhares de uma moral arcaica e decadente. A fidelidade só faz sentido quando voluntária. A moral hodierna, ainda estribada em uma cultura patriarcal, faz de conta que não entende que a obrigatoriedade de ser fiel nos relacionamentos afetivo-sexuais é uma violência quando não mais se deseja aquela pessoa, ou somente aquela pessoa!


DESAFIO

Ao MR e demais membros da bancada masculina da confraria. Querem apostar uma cervejada que não aparecerá nem uma só representante da ilustre bancada feminina - moderna, contemporânea, descolada, liberada... - para comentar esse assunto?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

CAMINHO NOVO

O velho ligava Vila Rica (atual Ouro Preto) a Parati, desde o século XVII. Atualmente, a BR-040 é uma rodovia radial, que liga Brasília ao Rio de Janeiro, passando por Belo Horizonte. Pode parecer estranho contar a história de uma estrada, mas esta, em particular, tem bem mais história que os seus quase mil e duzentos quilômetros...

Sua construção começa nos iniciais do XVIII, pela necessidade de uma via de escoamento do ouro das Minas Gerais, mais segura e rápida ao porto do Rio de Janeiro. O trecho entre o Rio e Ouro Preto, corresponde, em grande parte, ao que ficou conhecido como Estrada Real. Atualmente nome também de um importante programa de estímulo ao turismo, nos moldes das "caminhadas" européias. E muitos lugarejos, paisagens e causos fascinantes (informações completas aqui).


Ao esgotamento das minas de ouro e diamantes (fins XVIII a princípios do XIX) seguiu-se longo período de declínio econômico, igualmente traduzido nesta via de transporte. Novo fôlego só em 1861, quando se inaugura a primeira rodovia brasileira, ligando Petrópolis a Juiz de Fora, chamada então Estrada União e Indústria. Em 1931 o trecho Rio-Petrópolis tornou-se o primeiro asfaltado do Brasil, na época conhecida como Rodovia Washington Luís.



Em 1957 o trecho Juiz de Fora-BH (praticamente o mesmo caminho de séculos atrás) foi, finalmente, pavimentado pelo presidente JK. Nesta época, o trecho Rio-BH já tinha a denominação de BR-3, o que perdurou até 1964. A partir dos anos 70 começaram os trabalhos de duplicação e, na sequência, de concessão à iniciativa privada.

Apesar dos avanços, ainda é uma das mais perigosas - e belas - estradas do país, serpenteando as montanhas de Minas e a Serra dos Órgãos em direção ao litoral. Alguns trechos, como a "curva do sabão" e o Viaduto da Almas, ficaram famosos pela quantidade e gravidade dos acidentes, em muitos e muitos anos de sua existência. Mas acho difícil que hajam paisagens mais deslumbrantes (e estonteantes) que as que se encontram nessa rodovia singular.



Acima, Tony Tornado cantando BR-3 (Tibério Gaspar/Antônio Adolfo). Mais anos 70 que isto, impossível...


ATUALIZAÇÃO (25/11/08 às 16:30 hs.)

Luciana G, vestida de um modo um tanto viborino, chamou minha atenção para o outro lado da moeda. Danada essa menina! Bem, eu que não sou de levar desaforo pra casa (rsss), respondi.
Tá tudo lá no VERBO VENENOSO (cliquem aqui).


ATUALIZAÇÃO (26/11/08 às 10:10 hs.)

Meu amigo Marcos Rocha, decano jornalista e publicitário velho de guerra, sugeriu que eu atualizasse esse postinho com um dos muitos vídeos institucionais produzidos pelo Instituto Estrada Real, instituição responsável por coordenar o programa Estrada Real.

Sinceramente, acho que esta turminha não merece a deferência, mas atendo a solicitação de MR, pela amizade e para melhor ilustrar o post, já que não é possível pensar a Estrada Real sem pensar na BR-040 (embora esse pessoal do Instituto ainda não deva ter descoberto essa "pólvora").

O vídeo tem 10 minutos e vale pela beleza das imagens.

domingo, 23 de novembro de 2008

VOZES FEMININAS (5)

Tá legal, manjadésima esta, mas inevitável: clássico de um clássico (de George Gershwin), numa interpretação tocante - em mais de um sentido - e uma voz inacreditavelmente rouca... e bela de Janis Joplin.

Querem comparar? Ouçam aqui a eterna Billie Holiday e aqui a insuperável Ella Fitzgerald, acompanhada por ninguém menos que Louis Armstrong.

Das muitas disponíveis, escolhi esta versão, de show ao vivo, em Estocolmo, 1969. [Mas acho que vale a pena também ouvir esta aqui, dos ensaios da gravação original].




ATUALIZAÇÃO (24/11/08 às 19:00 hs.) BY CORA

Uau... Janis Joplin, a moça incendiária de voz marcante?...a personificação de "sexo, drogas e rock and roll"? a-do-ro!!! adoro essas transgressoras desajustadas que ousaram desafiar: Bessie Smith, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Nina Simone... clássicas "manjadas" e amadas que dispensam qualquer comentário.

É bem verdade que a época dos “anos dourados” não se compara a essa pasmaceira dos dias de hoje, mas apesar dessa constatação, dentre as seguidoras das divas de todos os tempos, atualmente, em matéria de "female voice", tenho ouvido e gosto bastante da Tori Amos, Sarah Mclachlan , Norah Jones, Loreena Mckennitt, Katie Melua, Alanis Morrissette, Jill Socott, Índia Arie, Holly Cole... en fin =)

PS: sessão notalgia - e como uma coisa leva a outras que eu já tinha esquecido, mas que ficam irremediavelmente associadas a determinadas músicas, ouvindo "summertime" lembrei dos tempos em que eu "me achava" em plena adolescência (sim, ouvia boa música) e que ainda tenho dois dos LPs (sim, "LP") póstumos da Janis "hippie", inclusive Pearl, e na capa desse disco, depois dos agradecimentos especiais, está escrito: "e a todas as boas pessoas que nos fizeram sorrir" =) gracías, RM

Gracias, Cora.

sábado, 22 de novembro de 2008

SERÁ QUE ELE É?



O senhor Rafael Correa (foto acima), economista e presidente da República del Ecuador; mandou avisar que deve, não nega... (leiam no JBonline)

O Equador é um dos menores países da América do Sul, habitado por cerca de 14 milhões de almas, que vivem, basicamente, das exportações de petróleo (e bananas). Commodity esta que teve seus preços internacionais reduzidos a cerca de um terço do que valiam uns poucos meses atrás.

O atual presidente ascendeu ao poder em 2006, com uma plataforma política que lembrava determinado partido, hoje também no governo do Brasil. Entre as propostas, aprovadas em eleições, estava a auditoria da dívida externa, ora posta em prática. Não sei se também foram promessas de campanha, mas o chefe do Executivo equatoriano tomou outras providências: deu abrigo aos bandoleiros das Farcs, "demitiu" a Corte Suprema do país e cuidou de criar a (sua) reeleição, em referendum.

Do total da tungada, cerca de US$ 250 milhões estão pendurados no BNDES, por conta de uma usina lá construída pela empreiteira Odebrecht. Considerando-se que o principal acionista do referido banco é o Tesouro Nacional, pode-se supor que quem pagará a conta são as cerca de 200 milhões de almas que vivem aqui, abaixo da linha do Equador.

Bem, hoje é sábado e é bastante provável que a empreiteira já tenha recebido sua parte. Por sua vez, o BNDES deve ter feito hedge. E afinal, o pavão também já apareceu em todos os jornais...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

SM

Não. Não são as iniciais de "sado-mazô", nem de Sua Majestade (ou sua mãe...). Mas de Simone Maia, a quem conheci na blogosfera e que responde por parte da culpa de eu ter aqui permanecido.

Explico: há pouco mais de um ano, só frequentava esse mundo paralelo para, exclusivamente, sacanear meu amigo MR, criando personagens e comentando anônimamente no seu blog. Numa dessas apareceu a Simone e, na mesma balada, a Luciana G. O clima cordial, bem-humorado e inteligente nos aproximou e chegamos a cogitar de criarmos um blog coletivo, projeto eternamente adiado por falta de tempo dos partícipes.

A Simone mantinha um blog muito interessante, no qual recortava notícias e temas, fazendo um trabalho digno dos chamados "pauteiros" de redações jornalísticas. O blog foi, infelizmente, desativado, mas o que pouca gente sabia é que a ex-blogueira também escreve muito bem, embora nunca tivesse publicado seus textos no próprio blog.

Dando continuidade à série "Mulheres que Escrevem" (leiam o primeiro aqui), tenho o prazer de apresentar Simone Maia, a nossa SM. Paulista de Santo André, 36 anos, formada em Artes, Simone tem seus contos e poemas publicados em livros, coletâneas, jornais e na web. Gosto muito de um conto que narra a história de uma moça com grandes e impressionistas olhos, mas ao ler este que segue, julguei que fosse de uma latente atualidade e mais apropriado para este espaço.


DO YOU UNDERSTAND O QUE EU DIGO?

Conheci um gringo que gostava de tudo pela metade: se tomasse café, era descafeinado; se tomasse cerveja, era sem álcool; se comesse chocolate, era sem açúcar; se iniciasse uma conversa, não concluía; se comesse peixe, era cru...


Ele, músico. Eu, admiradora de seu trabalho. Fã não, porque fã é coisa de obcecado.

De uma carta mal escrita num Inglês emporcalhado, surgiu o interesse dele por mim. Costumava dizer que me adorava porque o fazia rir, mas a verdade é que nunca pretendi fazê-lo. O que eu tentava dizer era sério, muito sério... mas ele achava graça. “Barreira de linguagem” – ele justificava.

Depois de dois anos conversando muito mal, por telefone e carta, ele simplesmente decidiu: “I’ll see you”. Viria pro Brasil. Ignorou totalmente minhas recomendações: “NO! It’s very dangerous! Here are um monte de bandits!” Ele ria. “You’ll be seqüestrado and, and...” Minha reluta só serviu para convencê-lo ainda mais: “I love you! You’re so funny... lovely! I’ll see you soon!”. Entrei em pânico.

Comecei a assistir a todos aqueles seriados americanos e britânicos que bombardeiam a programação das emissoras a cabo. De Friends a “ER”, assisti de tudo, tomando nota dos diálogos. Li Snowman’s Squeaky Song, um livro para crianças de 5 a 8 anos de idade. Crianças americanas, naturalmente. Ou britânicas. Provavelmente havia sido escrito por uma delas. Era bonitinho: trazia na capa um bonequinho de neve que emitia um som agudo – feito aqueles que saem dos patinhos de borracha – se você o apertasse. Assisti a filmes legendados. Enchi dois cadernos universitários com diálogos estúpidos, retirados das ditas fontes. Eu não estava certa quanto à utilidade deles, pois achava que seria esquisito falar sobre homens de neve ou intervenções cirúrgicas no meio de uma conversa. Definitivamente, não pegaria bem. Sem contar que grande parte dos diálogos era traduzida de forma misteriosa, portanto eu não deveria me espantar se acaso soltasse um “Holy shit!” pensando estar dizendo algo como “Santo Deus!” e o surpreendesse me encarando, perplexo.

Nos encontramos no aeroporto. “Pense antes de dizer qualquer coisa” – eu pensava, antes de pensar em dizer qualquer coisa. “How are you?” – ele quis saber. Essa era fácil. Me lembrei das aulas de Inglês na escola: “I’m fine, and you?” – rebati. “I’m too, thanks, I’m fine!” Silêncio. O que vinha depois?

Enquanto ele tagarelava feito os enfermeiros do Plantão Médico em meio a uma emergência, eu tentava relaxar. Para isso, cantarolava aquela velha canção: “One, little two, little three, little indians...” que passou a ser minha tática para situações emergenciais. Ele ria. Não entendia minha aflição.

No segundo dia juntos, ele quis um beijo. Eu dei, pois estava apaixonada. Pensava: “Esse é o homem ideal... nunca vai entender o que digo e portanto nunca irá se aborrecer ou se entediar”. Ele era agradável, mas extremamente frio. “The snowman”, eu pensava.

No terceiro dia: “I wanna fuck you all night”. Caramba! Os americanos são mesmo muito práticos! “What?” – dei uma de desentendida. “I want you”. “Ah!”. Derrubei o café. “Are you ok?” – ele riu. “No”. Sou sincera. A noite veio. Ele queria. Eu também, mas tinha medo. “Are you fine?” “No. I’m confusa”. “What?” “Deixa pra lá!”.

All night long... Quer dizer, até o meio da noite, porque ele gostava de tudo pela metade. Isso eu já disse. Se tirasse a roupa, era só da cintura pra cima ou pra baixo, dependendo da intenção. Se estivéssemos no quarto, era à meia-luz. Se me servisse champanhe, era meia taça. Se desse um sorriso, era com um dos cantos da boca. Meias-palavras. “Barreira de linguagem” – ele justificava.

No último dia, arranjei um lugar para ele tocar. Uma banda o seguiria, mas só meia banda, porque o vocalista tinha viajado e o guitarrista estava de cama. Eles tocaram alguns clássicos do blues: partes de músicas emendadas umas às outras, feito medley. A casa estava cheia. Metade jovens, metade meia-idade. No meio do set, ele passou a alça da guitarra pela cabeça, colocou-a num canto do palco, virou-se para a platéia e disse: “Thank you. Good night”. Deixou o show pela metade.


Outros escritos da Simone podem ser lidos aqui, aqui ou aqui. Gentilmente a moça autorizou divulgar este e-mail para os que desejarem contatá-la.

[Infelizmente tivemos que escolher entre o e-mail e uma foto da moça: sendo uma mulher belíssima, correríamos o sério risco de superlotar sua caixa postal...]

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

PODEM "CHUPAR" À VONTADE: EU GOSTO!

Gosto sim! Ô se gosto! (rsss)

Três dias atrás publiquei aqui, adendo a um textinho escrito há um ano, no VerboFeminino, que tratava dos nomes das cidades mineiras. Hoje, ao assistir o telejornal local da Rede Globo, deparei-me com muito boa matéria especial, acerca do mesmo assunto (informações aqui).

Nela, a ótima repórter Narrimann Sible, passa pelos mesmos caminhos, montes, rios, pedras, lugares e nomes e ainda os valoriza com sua beleza e inteligência (além de esclarecer a origem de vários dos nomes das cidades).

Vejam, abaixo, um dos episódios da série.

SOBRE UMA CERTA IGUARIA BAIANA...

Para opiniões um pouco mais "construtivas" disque 21 416 11 47 ou 21 416 11 48. Pois sim?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

EXTRA! EXTRA!

Atenção, caros leitores: em mais um furo de reportagem investigativa, o bloguinho dos venenos apresenta, com exclusividade e em primeira mão, as novas instalações do Priorado.

fail owned pwned pictures
see more pwn and owned pictures

[maiores informações sobre as fontes podem ser obtidas na hospedaria]

domingo, 16 de novembro de 2008

OS OUTROS NOMES DE MINAS (2)

.
Cerca de um ano atrás, escrevi um textinho para minha querida amiga Luciana G, que fazia uma breve análise da origem dos nomes das cidades mineiras (leiam aqui). Mantenho a opinião lá exposta, mas reconheço que ficaram de fora - até por falta de espaço - muitos nomes curiosos e inclassificáveis da arte mineira de nomear cidades.

Segue, pois, uma segunda listagem de nomes incomuns. Mas antes, alguns que talvez possam ser associados aos ilustres integrantes da Confraria. Há, entre aqueles, os por demais óbvios. Por exemplo: a bela Ju à Santa Juliana, ainda que a primeira não esteja passando por uma fase, digamos, muito santinha... Para a Srta Rosa caberia perfeitamente Santa Rosa da Serra, ainda mais considerando-se que ela mora em uma. Como não encontrei nenhuma "Santa Amélia", achei que seria apropriado Carbonita para a Amèlie. Mas depois descobri Machado, para o caso de não ter nenhum picador de gelo próximo. E até um Riacho dos Machados, na eventualidade de apenas uma unidade não ser o suficiente...

Bem, a moleza acabou aí. Por incrível que pareça, não achei nenhum nome leve e solto para a Maroca. Em compensação descobri suas origens mineiras em Fortuna de Minas (também podia ser Maravilhas...osa). Acho que Pimenta fica bem para a K, não? Já a Patty pode escolher: Mirabela, Mirai ou Olhos-d'Agua. Para o Entretrintas da Gi, que tal Entre Folhas? Sorry... A Beth... bem, considerando que ela mora com uma uma ave pertencente à família Anseridae, o que me dizem de Lagoa dos Patos? Patos de Minas? Ok, ela é bióloga especializada em abelhas: Vespasiano! Para a Ana Paula (AP) até que não foi assim tão difícil: descartados Novo Cruzeiro e Cruzeiro da Fortaleza, sobrou Cantagalo. Já para suportar o Resplendor da poesia da Elianinha, só mesmo tendo Três Corações... Enquanto isto, a Viçosa Denise (reparem na foto acima e à direita) tem uma Bela Vista de Minas. A baianinha Celine, a mais jovem da Confraria, talvez pudesse ficar com Juvenília. Muito feio? Que tal: Itumirim, Sapucai-Mirim, Botumirim, Manhumirim,Tarumirim... Tá bem: Pingo d'Agua.

Já a bancada masculina, como não tenho interesse em agradá-la mesmo, vamos lá... Para o Plano Geral do Marcos Rocha: Rochedo de Minas ou Quartel Geral. O Chorik, Japonvar ou Japaraiba. Quanto ao Ricardo Soares, faltou prosa, quase desisti: os mais próximos foram Martins Soares e Raul Soares. Já o Mr Almost vai ter que se contentar com Padre Pedro. Ah é, prefere Sao Pedro dos Ferros?

Até esse modesto blogueiro que vos fala foi contemplado: Chalé. Mas há de haver quem prefira Formoso... rsss. Faltou a Luciana G? Bem, à Senhora do Porto dedico mais esse textinho.

[continua...]

sábado, 15 de novembro de 2008

"Telephone Line"

.
PORQUE (by Amèlie):

a) é mais um filhote dos Beatles;

b) é mais uma jóia perdida nos indefectíveis anos 70;

c) gosto da música. E também destas aqui, aqui e aqui; e,

d) tô a cara desse sujeito, um tal de Jeff Lynne (aliás, eu e o Raul Seixas...).



Se você nunca ouviu falar na ELO - Electric Light Orchestra, deve ser jovem pra cacete ou então não entende nada de rock progressivo nem de disco music.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

CRISE! QUE CRISE!!!

Excelente material infográfico, hoje no Portal UOL, traz frases sobre a crise financeira internacional de diversos "líderes globais", entre os quais, Lula, Sarkozy e Gordon Brown.

Destaco:

Henry Paulson (secretário do Tesouro dos EUA), mais perdido que cego em tiroteio.
"Não existem dúvidas de que as coisas estão melhores hoje, e muito, em comparação com março."

Pamela Cox (vice-presidente do Banco Mundial), mostrando que o olhar feminino é sempre mais aguçado.
"Os países desenvolvidos enfrentarão uma recessão generalizada."

Dominique Strauss-Khan (diretor-gerente do FMI), no meio do tiroteio.
"As consequências da crise financeira serão sentidas em todas as partes e haverá uma forte repercussão indireta para os países emergentes."

Janet Yellen (diretora regional do Federal Reserve), mostrando que toda regra tem...
"A economia dos EUA parece estar em recessão."

Mervy King (presidente do Banco da Inglaterra), com o velho humor britânico.
"Agora, parece provável que a economia do UK está entrando em uma recessão."

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ALLEGRO MODERATO

Talvez fosse desse modo que devesse me sentir hoje, ao completar 46 anos. Mas confesso que deixei de dar importância à estas datas e à própria contagem, há muito tempo. Pessoalmente sinto-me exatamente como ontem e, provavelmente, tal qual me sentirei amanhã. Nem alegre nem triste, como dizia a poeta - e imoderadamente.

Mas se voltar bastante no tempo, talvez não encontre muitas diferenças em relação ao que fui e, quem sabe, ao que serei. No espaço de comentários de post anterior, não precisei fazer muito esforço para me lembrar do que fazia em 1978, quando nascia uma das gatas da confraria. Há exatos 30 anos, eu tinha exatos 16 anos e, pelo que me recordo, ainda me identifico muito com o cara que fui.

Abaixo, uma foto daquele ano. Reparem nas grossas lentes de intelectual...

Já o país mudou bastante. Naquela época vivíamos ainda sob as sombras do regime militar, discricionário e opressivo. Havia forte censura aos meios de comunicação e, pasmem, alguns livros eram proibidos. No mundo, outra crise, a do petróleo, servia para expor parte de nossos frágeis fundamentos econômicos.

As coisas só começaram a mudar, de fato, em 1982 com a eleição direta de governadores e em 1985, com a eleição (ainda indireta) presidencial de um opositor ao regime. No meio do caminho: anistia, Riocentro e diretas-já. Bem, aí foi um porre (de liberdade e de alegria) e como em todo porre diz-se e faz-se além da conta, sem moderação.

A crise econômica interna também se instalou de vez e demoramos mais para nos livrarmos dela que da famigerada ditadura de 64. O país estacionou mais de 20 anos. Em compensação elegemos uma Constituinte e promulgamos nova Constituição (há exatos 20 anos atrás), democrática. Não há mais livros proibidos no país, embora não sejamos - ainda - um povo que cultiva a leitura. Há eleições livres e diretas, em todos os níveis; os direitos fundamentais da pessoa humana estão consagrados na nossa Carta, ainda que nem sempre na prática. Um líder sindical, que seria preso mais ou menos naquela época, foi eleito Presidente da República. E governou, por 2 mandatos seguidos, sem tentativas de golpes. Amadurecemos.

Amadureci (ma non troppo). Esse cara aí embaixo sou eu, com inacreditáveis cabelos de hippie... Eu que passei boa parte da vida de terno e gravata...


Bem, o presente vai pra mim mesmo. Outro dia, a moça que sucitou essas pequenas memórias, postou sobre a importância da música na vida dela. E perguntou aos leitores qual seria sua música predileta. A minha é esta: "Saudade do Brasil", um pequeno concerto de Jobim, que me fala mais de um país que não cheguei a conhecer, mas que vive nos meus sonhos.



Vou jantar fora. Obrigado aos que passarem por aqui e até amanhã.


ATUALIZAÇÃO (13/11/08 às 21:10 hs.)

Amigas(os), profundamente sensibilizado pelas manifestações de apreço e estima (apesar de algumas ausências também bastante sentidas), lamento a exagerada virtualidade das relações. Estivéssemos ao vivo e a cores, mandaria servir uma Periquita aos amigos e um Pinto às queridas amigas...
Se bem que, hoje em dia, a gente nunca sabe mesmo a real preferência das pessoas, né? rsss
Então, fiquem à vontade para, entre o Pinto e a Periquita, escolherem o vinho que mais apetecer...

Já a Cora revelou certa preferência definida e atendendo ao seu singelo pedido, apresento a seguir o primeiro (e único... rsss) da série "RM em pedaços".
.
Salute!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

DENÚNCIA?


.....O belo Parque das Águas, na simpática São Lourenço.
.
Recebi, ontem, e-mail de uma amiga, alertando-me sobre supostos crimes ambientais cometidos por uma subsidiária do grupo Nestlé, na simpática cidade mineira de São Lourenço, famosa nacionalmente por suas águas medicinais.

O caso não é recente e o litígio entre, de um lado, ambientalistas e Ministério Público e, de outro, a empresa e alguns órgãos públicos - data dos primeiros anos da atual década. Em resumo, a empresa é acusada de explorar inadequadamente o manancial do qual é titular, através de licença do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do Ministério das Minas e Energia). As denúncias vão de descumprimento das normas legais (desmineralização das águas), passando por práticas inadequadas (bombeamento e superexploração do manancial) até o comprometimento de todo o chamado "circuito das águas", conjunto de cidades do sul de Minas sobre o aquífero. A empresa Nestlé Waters, naturalmente, se defende das acusações, nos tribunais. Mas é verdade que a chamada "grande mídia", pouco ou nada noticia, suspeitamente, o caso.

Não tenho posição firmada, me pareceram deveras juvenis as posturas adotadas pelos ambientalistas e, ao contrário, excessivamente profissionais as da empresa. Enquanto pululam blogs e correntes de e-mails acríticos, a empresa se abstem de responder e a grande imprensa, estranhamente, silencia-se.

Para aqueles que desejarem se aprofundar no tema, indico os links a seguir. Os que já tem opinião formada, sintam-se à vontade para expressá-la nesse modesto espaço.
.
DNPM (ou aqui)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

VOZES FEMININAS (4)

.
Ao contrário do que pensam algumas pessoas, sou um cara muito mal informado ou, no mínimo, um bocado desatualizado. Os últimos filmes que assisti, no cinema, e que me disseram alguma coisa, foram produzidos em meados dos 80, a baianinha Celine nem tinha nascido. Música? Pra trás um pouco, as gatíssimas K e Ju ainda não tinham dado o ar da graça. Literatura? Bom, aí só o decanão MR mesmo... (rsss)

Pois nunca tinha ouvido falar na famosa, objeto do post, até cerca de um ano atrás. Ocasião em que, preparando-me para uma siesta, liguei a TV para o sono chegar mais rápido. No canal passava um clipe de uma cantora, meio brega, mas muito bonita e com uma senhora voz. Ok, virei para o canto... Mas depois de algum tempo, eis que a moça começa a cantar a manjadésima ária "Nessun Dorma", de Puccini; aquela mesmo, que quase virou exclusividade de Pavarotti.

Bem, o que aconteceu depois é que não dormi aquela tarde; não consigo dormir totalmente arrepiado... Descobri que Sarah Brightman é uma pop star, figura carimbada da Broadway e dona de uma voz maravilhosa (e, no meu caso, arrepiante).

O clipe do arrepio infelizmente não está disponível para incorporar ao blog, mas pode ser assistido aqui. Entre vários outros escolhi o de uma apresentação em Shangai, sem superprodução, para destacar a voz da dona: "... la luce splenderà!"



ATUALIZAÇÃO (23/07/09 ÀS 11:00 hs.)

Nenhum dos 2 vídeos recomendados continua disponível. Curiosa a política do (chat)YouTube, que permite a incorporação dos vídeos e depois os cancela por motivos alheios a quem postou o vídeo e, portanto, contribuiu para a audiência do referido site...

Segue uma terceira versão:








domingo, 9 de novembro de 2008

OUTRA VERSÃO

.
Minha conselheira e professora em negócios de blogosfera, Mrs teacher Amèlie Lost, chamou-me a atenção para um descuido com certos temas, digamos, sensíveis.

Farei nova tentativa de approuch. Segue abaixo trecho de um texto intitulado "Menstruação e menopausa: um bem necessário", extraído de um blog com o sugestivo nome Confraria das Mulheres.

"Os primeiros calendários da humanidade foram lunares, baseados na sincronicidade entre o ciclo lunar e o menstrual. A deusa romana Mens era quem regia as medições, os números e os calendários. Seu nome significava o "momento certo" e era, assim, um dos atributos da Deusa Lunar, que inspirou as mulheres a inventarem os calendários de acordo com seus ciclos menstruais. A própria palavra "menstruação" contém em si o nome da Deusa.Na era matriarcal, mulheres indígenas se reuniam na chamada "Tenda da Lua", quando menstruavam, e isto se dava no mesmo período para todas as mulheres, pois estavam afinadas com as energias lunares. Neste momento, eram reverenciadas por toda a tribo e, em seu recolhimento, os homens assumiam as tarefas rotineiras das mulheres, respeitando esse tempo de reenergização, introspecção e centragem."

Bem, todas ao mesmo tempo? Putz! Putz! Putz!


ATUALIZAÇÃO (10/11/08 às 10:30 hs.)

A versão anterior, que causou certo furor censor (rsss), pode ser lida aqui ou baixada aqui.


ATUALIZAÇÃO (11/11/08 às 14:30 hs.)

O quê? Uma terceira versão? Putz, "nunca vi fazer tanta exigência..."
Ok, ok. Que tal esta notícia aqui: Absorventes femininos causam problema ambiental.
Hã?

sábado, 8 de novembro de 2008

OK!


"Brasil está preparado para enfrentar a crise". (Lula, hoje no portal UAI)

Ué, Lula, crise? Que crise?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

DD E A DEMOCRACIA BRASILEIRA

.
O plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, ontem, avalizar os habeas corpus concedidos por seu presidente, Gilmar Mendes, ao banqueiro Daniel Dantas, em julho passado (leia notícia aqui). O tempo chegou a esquentar na vetusta casa, quando se debateu se o Juiz De Sanctis mereceria ou não reprimenda por seu comportamento, principalmente por se negar a dar ciência dos autos do processo.

Antes disso, em 04/08/08, o jornal O Estado de São Paulo promoveu debate sobre “o estado de direito democrático no Brasil”. Compunham a mesa o presidente do STF, o ministro da Justiça, o Procurador-Geral da República e o presidente da OAB nacional (veja o vídeo aqui).

Sim. Quem promoveu foi o Estadão, aquele mesmo que peitou a ditadura (de 64) quando todos os demais veículos se borravam de medo, apesar de ter apoiado o golpe na sua origem. Sintomático? Pois...

Vocês acham o tema bizantino? Pois eu acho muito mais importante do que saber quem ganhará as próximas eleições e as seguintes. Depois de 20 anos de promulgação da Constituição, os chamados “direitos fundamentais” continuam sob risco constante, atualmente pelo esquerdismo brasileiro de ranço autoritário e pela “sede de justiça” (justiçamento) que perpassa variados setores da sociedade, até os mais esclarecidos.

O ministro Gilmar Mendes, atual presidente do STF, pode ter sido o “Engavetador-Geral”, pode até não ser boa bisca - isto não sei -, mas é ele quem está com a razão: não há exemplo, na história da humanidade, de sociedade democrática que tenha relativizado o direito ao devido processo legal, à consciência, ao sigilo, à livre-expressão, à liberdade de informação e imprensa e à presunção de inocência dos acusados. Acesso aos autos? Óbvio! Como alguém pode se defender se não sabe do que é acusado?

Há sempre quem possa sustentar, até com raro charme, que “bandido bom é bandido morto”, que “banqueiro bom é banqueiro preso”, que “a polícia prende mas a justiça solta” e que podem grampear à vontade, pois “quem não deve não teme”... Eu? Bem, sem charme algum me coloco do lado oposto, doidinho pra trombar de frente...


ATUALIZAÇÃO (08/11/08 às 18:00 hs.)

Ok, ok, vou trombar com ninguém não, é só jeito de falar... Aliás, podem comentar à vontade que nem farei uso da réplica (eu heim, bando de gente amarelada... rsss).

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

"SALVEM AS BALEIAS"

.
Ontem a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal aprovou parecer da senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN), recomendando a aprovação de projeto de lei, de autoria do senador Gerson Camata (PMDB-ES), que dispõe sobre a proibição de modelos muito magras nos desfiles de moda e na publicidade em geral.
.
Meu Deus, quanta ciência, tecnologia, inovação... O senador, conhecido como marido da gataça Rita Camata, quer estabelecer um índice de massa corporal mínimo, abaixo do qual as magrelas não vão mais poder trabalhar nas áreas afins. Já imaginaram? Aquelas mocinhas, magrinhas, desnutridas, munidas com suas calculadoras, tendo que fazer um caralhão de contas pra saberem se podem desfilar ou não. Sacanagem, heim?
.
Bem, tirando os aspectos bizarros, escalafobéticos e inexequíveis do referido projeto, ao menos servirá pra Maroca parar com essa conversa de que precisa emagrecer (e voltar às passarelas, uia!). Maroca, como dizia o Vinícius, que me perdoem as muito magrinhas, mas recheio é fundamental...
.
Quanto às motivações inconfessáveis do tal projeto de lei, além do provável excesso de trabalho na Câmara Alta, fico a pensar: será que a Ritinha tá muito magrinha ou a Rosalba muito gordinha?
.
[O tal projeto irá, agora, à apreciação da Comissão de Assuntos Sociais, seguindo sua tramitação. Aqueles que quiserem maiores informações, os e-mails dos respectivos senadores são: gecamata@senador.gov.br; rosalba.ciarlini@senadora.gov.br]


Pra que emagrecer mais, Maroca?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

VOZES FEMININAS (3)

.
Mais um da série de lindas vozes femininas. Também dos suspeitos anos 70...

Dessa feita a dona da voz chama-se Annie Haslam e integrou, como lead vocal, o famoso grupo inglês de rock progressivo, o Renaissance. Considerada a musa do progressivo, sua voz de soprano alcança cinco oitavas, semelhante a Maria Callas.

As canções do Renaissance flertavam com a chamada "música erudita" (Debussy, Rachmaminoff, Prokofiev, entre outros) e muitas das letras foram escritas pela poetisa inglesa Betty Tatcher. A que mais gosto é a que segue, em vídeo de 1977,"Carpet of the Sun".

(Se alguém quiser conferir a voz e o resto da loiraça, vinte anos depois, clique aqui)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"I HAVE A DREAM..."



A apenas um dia das eleições, os mais recentes levantamentos indicam uma margem de cerca de 10% entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, em favor do primeiro. Traduzido em votos no "colégio eleitoral", Obama lidera em 6 de 8 Estados-chave.

.
Os anti-americanistas podem chiar à vontade, mas aquele país, a despeito de seus muitos defeitos, é uma verdadeira NAÇÃO.
.
.
ATUALIZAÇÃO (04/11/08 às 11:15 hs.)
.
Iniciado o processo de votação, vai aqui um pouco do feeling do blogueiro:
.
1- Comparecimento recorde pode significar vitória acachapante de Obama, bem maior que os 11 pontos percentuais previstos.
.
2- O uso das chamadas "novas mídias" parece ter entrado definitivamente para o jargão eleitoral. Já ouviram falar em "micro-targeting"? Pois é ao bom uso da internet que alguns analistas explicam a provável vitória de Obama.
.
.
THE SITUATION ROOM (04/11/08 às 20:45 hs.)
.
1- Enquete da rede de televisão CNN apontou que 63% dos que acham o Iraque o principal problema dos EUA, votou em Obama. Não tenho mais qualquer dúvida de sua vitória e acho que vai ser de lavada, quase tão grande quanto à enquete feita pelo MR.
.
2- A candidata a vice republicana, Sarah Pailen, disse que espera acordar vice eleita. Tirando o aspecto bela adormecida maluquete, até que a Sarinha ainda dá um bom caldo, heim?
.
3- Os resultados finais devem ser divulgados no fim da noite. Se eu ainda estiver acordado e tiver saco, volto para uma atualização final.
.
.
AND THE WINNER IS... (05/11/08 às 1:45 hs.)
.
Acabam de ser divulgadas projeções razoavelmente confiáveis do resultado das eleições americanas. Conforme esperado, Obama deve vencê-las com expressivas margens, resultando boa folga no colégio de delegados (mais de 340 votos) e ainda na Câmara e no Senado.
.
Depois de empossado, podem acontecer os mais variados desdobramentos; será outro capítulo, serão outros quinhentos. Pode, por exemplo, passar para a História como o presidente que pilotou corretamente os EUA numa importante crise financeira e na reorganização econômica em escala planetária. Pode contribuir, decisivamente, para a revalorização dos direitos humanos e reduzir o inaceitável racismo lá e no resto do mundo. Ou pode ser apenas mais um presidente, da longa lista de quarenta e bordoada. Pode até, e inclusive, ser um péssimo presidente e frustrar todas as esperanças nele depositadas pelos cidadãos americanos. Se isto ocorrer, não será o primeiro...

Me dediquei a esse assunto aqui, de forma talvez incomum, porque não creio que tenha apenas sido a vitória de mais um presidente (o quadragésimo quarto, salvo engano), de forma democrática, nos EUA. Nem apenas a vitória de mais um (o vigésimo, acho) democrata. Sequer que tenha sido só a vitória do primeiro negro. Mas, um momento histórico.
.
Nesse momento, e sem saber o que o futuro nos reserva, creio que foi uma espetacular vitória da democracia, como forma de governo. Uma emocionante vitória da civilização. E, de certo modo, uma vitória da humanidade, tendo o povo americano como principal ator.

Coisa muito muito rara. Enjoy it!

sábado, 1 de novembro de 2008

HOMEM COM TPM???

.
Poucas semanas atrás postei textinho, altamente instrutivo, sobre aquele período no qual as mulheres e as relações entre os sexos tornam-se tiquinho mais complicadas do que o habitual.

Não esperava atualizar o tema com esse vídeo, mas, enfim, os tempos mudam...